quarta-feira, setembro 14, 2011
quem sabe de quem são as marionetas deste video?
Alguém sabe?
Resposta :
O vídeo http://www.youtube.com/watch?v=FikI7lP_d80&feature=related e que foi aqui apresentado no Blogue no dia 14 do corrente, foi extraído de uma reportagem da RTP, alusiva a uma efeméride que já não sei precisar, creio que relacionada com a editora Bertrand.
Em 1985 as Marionetas de Lisboa tinham acabado de se formar, o José Carlos Barros estava a ultimar a contrução dos bonecos para o espectáculo de estreia, o “Dom Quixote” quando foi contactado acerca da possibilidade de fazer umas marionetas para representar uma cena ilustrativa do “Romance da Raposa”.
Como o Barros na altura estava com aquele trabalho que lhe consumia todo o tempo livre, além das tarefas do Teatro Nacional D.ª Maria II - onde eu também me encontrava como seu ajudante, propôs-me que eu construisse as duas cabeças pedidas, e ver-se-ia então se se poderia dar resposta positiva ao referido contacto.
Assim, esculpi em esferovite as duas cabeças que foram revestivas com várias camadas de papel e cola branca, depois foram vazadas e receberam umas armações em arame que suportavam um mecanismo de mola e gatilho com desmultiplicação que permitiam movimentar as bocas e os olhos.
Para tratamento final, as cabeças foram revestidas com tecidos de tipo “carpélio” cozido e colado, como se pode ver no vídeo.
A reportagem foi gravada, em data que não sei precisar (mas que estará compreendida entre Abril e Agosto de 1985), numa sala da Sociedade de Geografia de Lisboa e os manipuladores foram o Alberto Villar no “Brutamontes”, a Fernanda Teixeira e eu próprio na raposa “Salta-pocinhas”.
Depois da estreia do “Quixote”, o Barros achou que seria boa ideia explorar o tema e engendrou um dispositivo cénico sob a forma de tapeçaria que viria a ser materializada colectivamente com a participação, entre outros, do próprio Barros, da Vírginia Rico, do Franscisco Pereira, da Fátima Vasques, da Fernada Teixeira e eu.
Entretanto, pedimos ao André Gago ( na altura assinava André Nuno) a adaptação e dramatização do “Romance da Raposa”; o conceito das marionetas foi modificado e adaptado à especificidade da tapeçaria, passando a ter uma utilização frontal, tipo revólver, pelo que às cabeças produzidas foram retirados todos os tecidos e foram pintadas com tintas acrílicas, obtendo-se assim a configuração pela qual hoje são conhecidas.
Com representação de Amélia Fernandes, Fernanda Teixeira, José Neto e José Ramalho, música ao vivo de Fernando Guê e encenação a meu cargo, com o inestimável apoio do José Carlos Barros, “O Romance da Raposa estreou na Sala do Acarte/ Centro de Arte Moderna da Fundação Gulbenkian, em Janeiro de 1986…
Esta é, pois, a “história” da história. Creio estar respondida a pergunta que é feita no Blogue.
Ildeberto Gama
Lisboa, 16 de Setembro de 2011.
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