quinta-feira, dezembro 29, 2005

Marionetas do porto "os encantos de medeia" António José da Silva

Teatro e Marionetas do Porto no S.João até dia 23
Peça de António José da Silva em cena no Teatro Nacional S. João até ao dia 23Encantos de amor e ambiçãoPara João Paulo Seara Cardoso, do Teatro de Marionetas do Porto, a verdadeira estreia de «Os Encantos de Medeia», de António José da Silva acontece hoje no TNSJ.A peça surge no ano em que se assinala o tricentenário do nascimento do comediógrafo do século XVIII.O palco do Teatro Nacional S. João é a partir de hoje ocupado pelas personagens da peça «Os Encantos de Medeia», de António José da Silva (O Judeu).Uma co-produção do Teatro Marionetas do Porto e TNSJ cuja encenação e cenografia é de João Paulo Seara Cardoso.Na sala nacional é reproduzido o espírito de uma peça muito típica do Teatro Barroco, com telões que correm na horizontal, mudanças de cenas muito rápidas, dragões, trovões, sereias, alçapões, “porque este tipo de teatro procura a espectacularidade para surpreender o público a cada passo”, explica João Paulo Seara Cardoso.«Os Encantos de Medeia» chega no fim do ano em que se comemora o tricentenário do nascimento de António José Da Silva, “um grande dramaturgo que Portugal teve depois de Gil Vicente e antes de Almeida Garrett”, sublinha. Uma chegada que, segundo o encenador, parte da vontade manifestada por Ricardo Pais para o “espírito natalício que o TNSJ queria imprimir ao mês de Dezembro”. Mesmo não sendo um espectáculo para crianças, o facto de transformar um dos célebres mitos trágicos numa comédia acaba por afastar-se do teatro que é produzido actualmente, e que Seara Cardoso também integra, carregado de reflexões sobre as condições de vida e das sociedades contemporâneas.Confessa que há muitos anos não fazia uma comédia e sendo esta peça não muito séria acaba por associar-se um bom espírito. Apesar de considerar que uma boa dramaturgia é sempre actual, o encenador afirma que não é possível encontrar um paralelo com o presente relativamente a sinais de correspondência no tempo.O que se encontra é sim o espírito inovador de António José da Silva, que há 300 anos percebeu que “chegava a Portugal a moda da ópera que era só para as classes aristocráticas, e uma fórmula de teatro popular que associasse o espírito da comédia antiga com a nova ópera introduzindo árias e canções pelo meio”, explica.Actores, manipuladores e cantoresÉ esta fórmula que o teatro de Marionetas do Porto traz ao palco, num contraponto com as representações originais feitas na época, no Teatro do Bairro Alto, em que do ponto de vista técnico e do elenco, os manipuladores estavam escondidos e haveria cantores e uma orquestra.Depois de compreender toda esta mecânica das peças escritas para marionetas de António José da Silva, na perspectiva teatral de Seara Cardoso, os actores assumem em simultâneo o papel de cantores, com a manipulação das marionetas ao vivo, principal característica do teatro que realizam.“Só me interessa fazer teatro de marionetas assim, quando há o confronto do actor com a marioneta, mesmo numa abordagem mais clássica como esta”.ArgumentoTudo começa quando Jason embarca na nau Argos para a ilha de Colcos à conquista do velocino de ouro. Chegado, a princesa Medeia, filha do rei, e Creusa, sobrinha do mesmo, apaixonam-se por ele. Medeia ajuda Jason a furtar o velocino de ouro, mas este foge com Creusa, a verdadeira paixão. Repudiada, Medeia move contra eles uma tempestade, obrigando-os a regressar a Colcos, onde o rei, ofendido por Medeia o ter roubado, casa Jason com Creusa e dá-lhe o reino. Medeia, desesperada, desaparece pelos ares.

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