quinta-feira, janeiro 14, 2010

"Dom Roberto" por Ildeberto Gama


Meu querido amigo João Paulo Seara Cardoso,



Obrigadíssimo pela tua achega e correcção às minhas palavras. Mas sobretudo pelas revelações que fazes e que, por nunca terem saído dos círculos de amigos mais próximos e agora são tornadas públicas, assumem uma enorme importância para que algum futuro historiador possa ter maior número de fragmentos para a reconstituição da “fotografia” da Marioneta Portuguesa do que aqueles que nós, e alguns dos que nos antecederam, encontraram.

Tal como referes de ti e de mim, também eu próprio tenho perfeita consciência de que erro muito. Mas assumi correr esse risco com intuitos provocatórios que, felizmente, estão a produzir resultados, como o teu texto o comprova!

Aliás, muito prezaria ler aqui neste mesmo espaço, alguma réplica da Rute e do Luís - que estimo e aprecio, acima de qualquer crítica – e a quem enviei previamente a minha primeira intervenção antes de solicitar a respectiva publicação.

Mas voltando à matéria, certamente reparaste que salvaguardei a tua justa importância na aprendizagem dos segredos do Dom Roberto [disse: sem negar o facto e a mestria que JPSC veio a alcançar] o que fica ainda mais reforçado com este teu texto!

Porém, antes de escrever o que criticas, tive o cuidado de reconfirmar um facto, até então difuso na minha memória: O Gil de Alcobaça teve uma experiência com o Mestre Dias, seguramente menos extensa que a tua mas algo semelhante, isto é também “espreitando” e “tentando”, e uma época depois dos primeiros contactos, acabou também por surpreender o Mestre, na praia da Nazaré, com o uso da palheta e terá obtido reacção semelhante…

Obviamente, por diferenças de idade e de contexto, não tomou “copos” com o Mestre, não fez recolha de textos, etc., como tu oportunamente, até pela natureza das funções que exercias no âmbito da acção do mesmo organismo que pagava um ordenado ao Mestre, sob o freio do Francisco Esteves.

Mas o ponto que, no meu texto, pretendi salientar foi que, além de ti, ainda houve outra pessoa que “bebeu na fonte”: - O Gil, como a Prof. Lúcia Serralheiro ainda recentemente me confirmou, corroborando com o seu testemunho algo que em tempos me fora contado por ele.

Também algumas pessoas ligadas a um grupo amador que existiu na Glória do Ribatejo chegaram a ter contactos directos com o Manuel Rosado, que já estaria acamado na época e terão recolhido algum reportório, notas e acabaram por ficar depositários da colecção que muito mais tarde iria parar ao Museu da Marioneta. Mas sobre este assunto será melhor que procuremos o testemunho do Cristóvão Oliveira, antigo membro daquele grupo…

E, já agora, caro Amigo, a propósito do Esteves (que conheci mais de perto nos ensaios de “O Chapéu Mágico”, de Carlos Correia, e para quem executei os fantoches, enquanto aderecista e sob chefia então do José Carlos Barros) talvez tu nos pudesses esclarecer quando é que ele deixou a actividade (dizem que atirou os bonecos para o contentor do lixo… será?) Pois sei que na viragem do século, ao contrário do que é dito na Enciclopédia, ele já não estava activo. Já não sei, é se estaria ou estará vivo...

Bem-hajas, João.

Com um abraço,

Ildeberto Gama

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