quarta-feira, março 31, 2010

CASEAR – Criação de documentos Teatrais no Museu da Marioneta em Lisboa


CASEAR – Criação de documentos Teatrais

BREVE HISTORIAL

Com uma formação académica e percursos profissionais similares, este grupo de trabalho constituiu-se como Companhia em 2009: CASEAR, Criação de Documentos teatrais. Uma Companhia vocacionada para a itinerância e para o intercâmbio artístico - com bases de trabalho em Portugal, Espanha e Itália –, assente no teatro documental e caracterizada pela procura de uma linguagem própria de Teatro de Gesto e Máscaras. A CASEAR propõe um teatro de criação e experimentação, com base num envolvimento directo em comunidades específicas. Os espectáculos são escritos e montados a partir de improvisações, por sua vez baseadas nas experiências dos elementos da equipa artística numa determinada realidade /lugar/ acontecimento.

Esta Companhia surge após a criação do espectáculo Aniñando, um espectáculo documental sobre a velhice. Para Aniñando, a equipa trabalhou na fase de documentação entre 2005 e 2007, nas cidades de Lisboa e Barcelona, em lares, espaços públicos, através de voluntariado na Associação Coração Amarelo, entre outros. O estilo teatral reside nas máscaras, meias-máscaras expressivas, construídas especificamente pelo artesão Matteo Destro (ITA). Este espectáculo contou com o Apoio a Novos Encenadores, da Fundação Calouste Gulbenkian e do Instituto Cervantes de Lisboa e continua a participar em Festivais nacionais e internacionais.

A CASEAR é formada pelas actrizes Ana Sofia Paiva (Portugal), Rita Rodrigues (Portugal), Sofia Cabrita (Portugal), Mireia Scatti (Espanha), pelo artesão de máscaras Matteo Destro (Itália) e pela cenógrafa Sara Franqueira (Portugal).


SINOPSE

Um curioso bidão de onde saem pernas por um lado, braços e cabeça
por outro, formando um corpo só: o corpo de Bi e Dão!
Ora Bi e Dão, fartas de ver sempre os mesmos sítios e as mesmas pessoas,
decidem partir à aventura. Com vontade de explorar o mundo, embarcam numa
longa viagem.

«Bi: Vamos viajar por todo o mundo para conhecermos pessoas novas,
sítios que nunca vimos e ouvir línguas que nunca ouvimos e que não
percebemos nem uma palavra.

Dão: Dizes que nem mesmo uma palavra?!»

O seu Bidão leva-as a Cabo Verde, ao Brasil, à Índia, à Ucrânia e à
China. No final, estafadas mas radiantes com as suas descobertas e
experiências - os idiomas, a comida, a dança, o clima, as tradições… -
descobrimos que, afinal, nunca saíram do seu bairro.

«Dona Palmira – Senhor Jaime, fale baixinho, a Bi e a Dão já estão a dormir!
Sr. Jaime – Ah, pois estão. Estiveram o dia todo numa grande correria a
pensar que estavam a viajar pelo mundo!
(Volta a ouvir-se ressonar)
Sr. Jaime – Olhe, agora já estão a viajar outra vez! (rindo-se)
Dona Palmira – Ah pois estão! Chiu…
Sr. Jaime – Boa viagem Bi e Dão…»


QUALIDADE E INTERESSE ARTÍSTICO/CULTURAL DO PROJECTO


INTERESSE CULTURAL

Para a concretização deste projecto partimos da seguinte premissa: o
conhecimento combate o preconceito. Desta forma, pretendemos que este
espectáculo desperte a curiosidade acerca da diferença cultural, valorizando-a
e vendo-a como uma fonte de riqueza social e humana. Pode ser tão
interessante quanto divertido conhecer outros países, outras línguas, outros
costumes e tradições. Pode ser tão difícil quanto enriquecedor entabular
conversas com os nossos vizinhos que vieram de longe. Assim sendo,
pretendemos que o espectáculo Bi e Dão promova a comunicação entre
pessoas e cidadãos de culturas diferentes.
Bi e Dão é um projecto dirigido a crianças dos 6 aos 12 anos. As escolas
são bons exemplos deste mundo repleto de diversidade. Esta diversidade nem
sempre é bem aceite, sobretudo se observarmos as crianças, que delatam a
diferença com a maior simplicidade e que precisam de a conhecer para poder
brincar e relacionar-se com todo este material “curioso”. Findo este passo, é
mais fácil e rico o relacionamento. É nesse sentido que Bi e Dão se propõe
intervir.

OBJECTIVOS ARTÍSTICOS

O espectáculo Bi e Dão está integrado nos projectos documentais da
companhia CASEAR, onde o principal objectivo é sermos capazes de, a partir de
um tema, criar uma dramaturgia de raiz, transpondo cénica e dramaticamente
aquilo que documentamos. Para Bi e Dão, o desafio tem sido chegar a essas
comunidades, lugares e pessoas e contar com o seu apoio, fazendo
paralelamente um levantamento real deste assunto entre o nosso público-alvo.

A transposição cénica é feita tendo em conta todo o material recolhido
na primeira fase.

O texto é escrito pela actriz Rita Rodrigues e alia a fantasia e a
sugestão, ao mesmo tempo que documenta os encontros, as conversas e as
histórias que ouvimos durante o processo de documentação.

O elenco é composto por duas actrizes que se desdobram nas várias
personagens e lugares, com recurso à manipulação de objectos e formas
animadas, à pantomima e à exploração da relação entre a marioneta e o
corpo da actriz. Estas personagens são parte de um mundo preso entre o
imaginário e um bairro de Lisboa, entre o real e a infância, entre o sonho e as
culturas do mundo. O seu estado estranho é característica chave do seu
movimento e da sua ocupação do espaço.

A música é composta especificamente para o espectáculo tendo em
conta os sons tradicionais, os instrumentos e as danças de cada país a que as
personagens viajam. É composto também por gravações áudio feitas durante a
pesquisa de campo.

O espaço cénico gira à volta de um bidão que se transforma em casa,
veículo, vestimenta, inspirado nos bairros lisboetas da Mouraria, Martim Moniz,
Anjos, Intendente e Castelo.


ESTUDO CENOGRÁFICO

Um mundo cenográfico de camadas de palácios de papel…

Um universo em suspensão com luz própria que aguarda pacientemente a
revelação do seu interior.

O objecto cenográfico nasceu dos bairros que crescem naturalmente e que
independentemente do seu tamanho tem sempre uma escala de vizinhança.
Nasceu da justaposição de pequenos elementos que nos trazem do gigante ao
particular tornando a morfologia única e encantada, onde casas de viver se
transformam em casas de brincar.

A luz como projecto parcialmente integrado remete para as iluminações
das paisagens e para jogos de escala. Do pequeno ao grande numa leitura
onde a perspectiva de uma cidade ondulante é imaginária e livre.



DADOS TÉCNICOS DO ESPECTÁCULO

Público-Alvo: 6 aos 12 / Grupos Escolares e Famílias
Duração: 50 minutos

EQUIPA

Texto: Rita Rodrigues
Encenação: Ana Sofia Paiva
Interpretação: Rita Rodrigues e Sofia Cabrita
Cenografia e Figurinos: Sara Franqueira
Música: Ricardo Santos Rocha
Desenho de Luz: Paulo Santos
Produção: Casear – Criação de Documentos Teatrais

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