Depois de participarem em centenas de exibições, as marionetas de José Carlos Barros estão expostas no Café Concerto do CCC das Caldas da Rainha até ao final de Outubro, no âmbito das “Paredes de Cor”.
São oito marionetas dos espectáculos “D. Perlimplim com Beliza em seu Jardim”, de Federico Garcia Lorca, e uma adaptação do “D. Quixote”, de António José da Silva, que estiveram em digressão pela Companhia de Marionetas de Lisboa.
Podem ser agora contempladas agora como verdadeiras obras de arte, embora o seu criador as considere mais como artesanato. “Embora tenham vindo de uma exposição em Santander, onde as pessoas as viram como uma obra de arte”, revelou.
De qualquer forma, José Carlos Barros sente-se triste por retirar as marionetas de cena e expô-las assim. “Elas devem estar aflitíssimas ali, pendurados na parede, sem puderem dizer nada. Deixam de ser personagens e passam a objectos artísticos, o que é redutor”, comentou.
As marionetas do “D. Quixote” são todas em metal, mas as outras têm a particularidade de serem feitas apenas com papel e cola. “Esta exposição nas Caldas da Rainha apresenta o confronto entre os metais e o papel e cola, na construção de marionetas”, explicou José Carlos Barros.
Por outro lado, as peças do espectáculo “D. Quixote” foram construídas por zinco, ou cobre ou latão, consoante o grupo social das personagens. Os metais são utilizados porque para José Carlos Barros os romances de cavalaria fazem-no pensar em armaduras e escudos.
Na grande tragédia de Lorca, “D. Perlimplim…”, fala-se no suicídio e no amor impossível. “O papel e cola simboliza uma matéria mais fácil de desfazer, embora pareça porcelana”, descreveu.
Nascido em São Mamede (Bombarral), José Carlos Barros estudou nas Caldas da Rainha. Tem uma longa carreira como profissional no teatro, com início em 1970, fazendo trabalhos de Cenografia, Figurinos e Adereços.
Foi Director do Teatro da Trindade, em Lisboa, entre 1989 e 1993 e foi seu Director Técnico, até Dezembro de 2000.
Fundou e dirigiu a Associação Cultural Marionetas de Lisboa, entre 1985 e 1990.
Até à sua reforma, foi Professor Coordenador do Curso de Design de Cena, na Escola Superior de Teatro e Cinema.
Actualmente dirige a “Associação Cultural, Criadores de Imagens Teatro de Marionetas”, entidade vocacionada para o teatro de rua com marionetas.
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